1989 era o ano. Segundo turno das eleições presidencias entre Collor e Lula. No tão esperado debate ao vivo da Globo, um fato chamou a atenção dos telespectadores: as pastas verdes e amarelas sobre o púpito do então candidato do Partido da Renovação Nacional.

Aquela campanha estava sendo disputada também com golpes baixos. O marketing de Collor havia veiculado um vídeo em que uma mulher acusava Lula de ter lhe oferecido dinheiro para interromper uma gestação.

Depois daquela baixaria, estava provado que Collor poderia partir para mais ataques. Na política e no campo pessoal.

Aquelas pastas poderiam, portanto, conter a “prova” de alguma denúncia bombástica contra o candidato do PT, à época um 🐸 barbudo aos olhos das elites política e econômica.

Mas que nada!!!
Naquelas pastas não havia absolutamente nada!
Nenhum dossiê. Nem mesmo cópia de notas fiscais.

As pastas sobre a tribuna foi uma orientação dada a Collor pelo então diretor-geral da emissora José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni.

O objetivo era dar mais credibilidade a Collor, passar a imagem de alguém diligente, ao mesmo tempo que buscava abalar emocionalmente Lula.

Esta foi a primeira grande interferência da Globo no segundo turno daquelas eleições. Menos conhecida do que a malassombrada edição do debate que favoreceu Collor. Por isso, conto-a aqui.

Relembro este caso em virtude da prisão de Collor.