O vereador Gilson Machado Filho (PL) subiu à tribuna da Câmara do Recife na manhã desta segunda-feira (16). Disse que falaria da prisão do ex-ministro Gilson Machado não como político, mas como filho que teve o pai “arrancado de dentro de casa”. Logo em seguida, porém, foi o vereador quem começou a politizar o caso.
Afirmou que o pai foi detido no último dia 13 pela “ditadura do STF” sem ter roubado “velhinhos do INSS”. Disse que os aliados de Jair Bolsonaro estão todos sendo perseguidos, sem citar a investigação que culminou com o processo da trama golpista em que o ex-presidente é réu.
O vereador também propagou o pai como candidato ao Senado em 2026, num discurso que pode ser compreendido como campanha eleitoral antecipada, o que é vedado pela legislação.
O político do PL chegou a arremessar da tribuna ao chão do plenário um exemplo da Constituição Federal que tinha em mãos, como meio para demonstrar indignação.
A declaração de Gilson Filho de ataque ao Supremo Tribunal Federal da tribuna da Câmara acontece em sintonia com as declarações recentes do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) em entrevista à Folha de S.Paulo, veiculada neste fim de semana.
Flávio é o filho mais velho de Bolsonaro, visto por setores como o “menos radical”. Veio dele o recado à extrema-direita: o candidato que for apoiado por este segmento nas eleições do próximo ano precisa se comprometer com um indulto presidencial ao pai, caso vença o pleito.
Gilson Filho falou sobre a prisão do pai da tribuna da Câmara no chamado pequeno expediente, quando não é possível um(a) vereador(a) fazer aperto ao discurso do colega.
Nenhum outro vereador ou vereadora subiu à tribuna da Câmara para tratar da prisão do ex-ministro do Turismo de Bolsonaro. Apenas os vereadores Luiz Eustáquio (PSB) e Rodrigo Coutinho (Republicanos) se solidarizaram com o colega do PL em um trecho da suas falas.
Gilson Machado foi preso na manhã de sexta-feira (13), por decisão do ministro Alexandre Moraes, como medida cautelar gerada pela suspeição de que ele estaria ajudando o delator Mauro Cid a deixar o País. Horas depois, a prisão foi revogada por Moraes.